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Nas tradições do Natal


Nasceste na singela estrebaria
Sob o olhar terno e doce de Maria.
Chegaste sobranceiro em plena noite,
E a transformaste num ridente dia.

Cantaram-Te hosanas Anjos sublimes,
E Anjo Tu és, na glória em que Te exprimes!
Vieste e sacudiste a alma planetária,
O íntimo dessa alma onde o amor imprimes.

Formosa estrela apontou Teu caminho,
E a Terra inteira encheu-se de carinho...
O Teu regaço a humanidade abraça
Qual forração de aconchegante ninho.

Contam que três Reis Magos Te encontraram,
Que mimos delicados Te ofertaram,
Enternecidos, cheios de emoções
Que desse encontro contigo levaram.

Na noite densa, entre os animais,
Junto aos pastores, unido a seus pais,
Representavas no mundo hausto novo,
Simbolizavas célicos sinais.

Logo mais raiaria um novo dia,
Por seres Tu mensagem de alegria
Anunciando esperanças sublimadas
E a trazer-nos divina melodia.

Aos doutores do templo, muito cedo,
Explicaste as leis de Deus, sem medo,
Como quem já conhecesse os caminhos
A trilhar superando os seus enredos.

Muito tempo viveste co’a família,
Na oficina Teu gênio augusto brilha,
E agigantas-Te, então, na juventude,
Nas estradas que segues, milha a milha.

Orientavas os homens mundo afora,
E encontravas em Deus, a cada hora,
A inspiração na qual Tu te apoiavas,
Trazendo a luz dos Céus por doce aurora.
Devolveste a visão a tanta gente,
Anunciaste um futuro diferente
P’ra quem no amor pusesse os próprios passos,
E no bem visse o dom mais convincente.

Legaste movimento a ancilosados;
Com sofredores foste lado a lado,
E outros tiraste das garras da morte,
Como tranqüilizaste os tumultuados.

Hoje o mundo é de bombas e atentados...
O egoísmo explode em todos os lados,
E leva a fome, a dor e o abandono
A plasmar tantos homens mutilados.

Ainda vemos seqüestros, roubo e morte;
E tantos seres que seguem sem norte,
Aturdidos em meio a terrorismos
A suplicar que o Céu lhes mude a sorte.

Contaste sempre com incompreensão,
Dificuldades e perturbação,
Sem jamais trepidar no Teu afã:
Levar os homens à libertação.

Contudo, anelo refletir somente
No futuro de paz almo e ridente,
Que nos leve a sentir na manjedoura
Teu coração solar sempre presente.

No cerne d’alma ouvimos-Te o sinal,
Som que nos faz vibrar nesse ideal
De servir e de amar, irmãos e amigos,
E celebrar na Terra o Teu Natal.

Sebastião Lasneau

Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, em 19.9.2007, na Sociedade Espírita Fraternidade, em Niterói-RJ.